Respondendo à pergunta: Como eu viajo tanto?
26 de junho de 2017 POR Jojo COMENTA AQUI!

Eu amo viajar. AMO. Acho de verdade a melhor coisa desse mundo. Se me perguntassem: Jô, se você não precisasse se preocupar com dinheiro, o que você faria? Eu responderia: Eu viajaria o mundo todinho. Cada cantinho inexplorado. Eu conheceria cada cultura, cada cenário.

Aliás, essa vontade doida de conhecer o mundo foi um dos meus grandes motivadores quando o blog começou lá atrás. Eu ficava pensando: gente do céu, imagina o quanto eu ia conseguir viajar se parasse de gastar todo o meu suado din din com roupas?

Seis anos depois, olha eu aqui. Conseguindo realizar tantos sonhos de conhecer lugares que eu nem sabia que existiam. E se você me segue lá no Insta tem percebido que eu não tenho parado quieta. Desde que a gente se mudou pra Londres, eu tenho viajado muito. E eis que todo dia eu recebo uma mensagem de alguém perguntando:

“Jojô, como você faz pra viajar TANTO? Você não trabalha? Explica aí.”

Pois bem. Cá estou pra explicar.

AS FÉRIAS POR AQUI SÃO UM POUQUINHO DIFERENTES.

Eu vim pra Londres trabalhar numa agência de publicidade. Quem conhece um pouco o mercado publicitário sabe o quanto o dia a dia é desgastante e o ritmo é super puxado. Portanto, respondendo à pergunta de muitas leitoras: eu trabalho e não é pouco não. Mas tem uma coisa que facilita muito a vida de viajantes semi-profissionais como eu: as férias.

O esquema de férias aqui no Reino Unido é bem diferente do Brasil. Ao invés de 30 dias corridos, eu tenho 25 dias úteis de férias e eu posso usar esses dias ao longo do ano como eu bem entender.

Por exemplo: se eu quiser tirar uma segunda e uma terça todo mês, eu posso. Se eu quiser tirar duas sextas-feiras todo mês, eu posso. Se eu quiser tirar uma semana a cada 3 meses, eu posso.

Por que isso é legal? Como são dias úteis ao invés de dias corridos, quando eu tiro uma sexta-feira e uma segunda, ao invés de descontar quatro dias das minhas férias, só dois dias são descontados.

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NA EUROPA TUDO É MAIS OU MENOS PERTINHO.

A gente tá acostumado com o Brasil, um país gigante, em que viajar é um troço que normalmente leva tempo. Agora imagina se cada estado do Brasil fosse um país diferente. Isso é a Europa. No tempo que se leva pra ir do Rio à Bahia, você sai de Londres e chega na Grécia. No tempo de ir do Rio a São Paulo, você sai de Amsterdã e tá em Paris.

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Ou seja, nos seus quatro dias de folga (em que só dois foram descontados das suas férias), dá pra você ir ali na Grécia. Num fim de semana, dá pra ir ali em Amsterdã. Com uma semana? Com uma semana dá até pra mudar o continente e ir ali dar uma volta no Marrocos. Né legal?

POR AQUI VIAJAR SAI BEM MAIS BARATO.

Já imaginou pagar o preço de uma blusinha da C&A pra ir pra Argentina? Pois eu já comprei passagem pra ir pra Escócia a 19 libras. Pra Grécia, a gente pagou 40 libras. Já fomos pra Paris por 20 libras. E mês que vem vai rolar Ibiza, na alta estação, por 50 libras.

A verdade é que viajar na Europa é bem barato porque tem MUITA opção de vôo. Voltando ao nosso paralelo com o Brasil: imagina se cada estado brasileiro tivesse umas 3 companhias aéreas pra você escolher. Aqui é assim. Cada país tem as suas companhias, o que acaba fazendo com que o mercado seja mais competitivo e os preços acabem sendo mais baixos.

Em cima disso ainda tem o que a gente chama de “low cost airlines”, ou seja, companhias aéreas de baixo custo, como a EasyJet e RyanAir. Nessas você paga bem baratinho pelo vôo, mas tem uma série de restrições (tem que pagar pra despachar bagagem, tem que pagar pra levar mais de uma bolsa no avião, tem que pagar pra imprimir o e-ticket). Mas se você sabe todas as regrinhas deles e evita essas armadilhas, a viagem sai a preço de banana.

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Outra coisa que joga o custo pra baixo é a possibilidade de viajar de trem. Nem sempre sai mais barato, mas é mais uma opção pra ficar de olho. De Londres pra Paris por exemplo geralmente vale super à pena.

TER FLEXIBILIDADE DE DATAS E DESTINOS FACILITA MUITO.

Mesmo tendo muita opção, viajar pela Europa pode ficar bem caro. O segredo pra encontrar passagens baratas é, sem dúvida, ter flexibilidade. Ao invés de estabelecer uma data rígida pra viajar, a gente fica sempre olhando passagens pra vários lugares. Quando aparece uma barata pra um lugar legal, a gente compra e vai.

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Uma dica boa é usar o Skyscanner, um agregador de passagens aéreas (tipo o Submarino Viagens). Ele funciona no mundo todo (inclusive pra passagens no Brasil), buscando o melhor preço pra passagem que você tá procurando.

O segredo é que eles tem uma ferramenta super bacana que permite que você busque passagens para “qualquer lugar”. Você coloca as datas que pensou em viajar e ao invés de um destino específico, você pode escolher pesquisar por “anywhere”. O site então busca os destinos mais baratos naquelas datas e te oferece opções por país.

Além de conseguir preços muito bons, você acaba descobrindo destinos que nem sabia que existiam. Foi nessas, por exemplo, que a gente acabou indo pra Zakinthos (por 40 libras), uma ilha na Grécia que eu nunca tinha ouvido falar e já virou um dos meus lugares preferidos no mundo.

VIAJAR PARA COMPRAR X DEIXAR DE COMPRAR PRA VIAJAR

Quando eu morava no Brasil, especialmente antes de criar o blog, eu sempre pensava em viagens como oportunidades pra comprar. Antes da viagem eu já tava gastando dinheiro, comprando roupinhas pra usar nas férias. Durante a viagem, entrava em todas as H&M e Zara que apareciam na frente, perdendo um tempo precioso que eu poderia estar usando pra conhecer uma nova cultura, descobrir um novo museu, apreciar um parque, ir num restaurante bacana.

Eu sei, as coisas no Brasil são caras e a gente acaba sendo seduzido pela oportunidade de comprar o que a gente quer por um preço mais camarada. Mas vale a pena? A gente realmente precisa de todas essas roupas que voltam com a gente na mala?

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Quanto mais eu viajo, mais percebo que são as experiências e lembranças que a gente traz de cada destino que importam, e não as roupas.

E, vai por mim, quando essa ficha cai, viajar fica muito mais fácil e barato e você acaba viajando muito mais.

A GENTE VIAJA SEM FRESCURA.

Na moda, eu sou totalmente a favor de qualidade ao invés de quantidade. Em viagem, pra gente, é o contrário. Eu quero mais é viajar mais. Se puder ser todo fim de semana, ótimo. E se, pra isso, eu tiver que ficar num hotel piorzinho e não comer no melhor restaurante da cidade, eu tô dentro.

Lógico que de vez em quando a gente se dá uns luxos, mas é mais raro e só em ocasiões especiais.

Em 90% das nossas viagens, a gente fica em hotéis bem baratex (meu único critério é ser limpinho e bem localizado).  A gente pega transporte público e anda pra caramba. E a gente acaba comendo mais baratinho.

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Em Paris, por exemplo, dá pra pular os restaurantes caros (que geralmente são super caça-turista), comprar uns pães e queijos, uma garrafa de vinho e ir comer num parque ou na beira do Sena. Uma delícia e sai bem mais barato. Basta ter um pouquinho de criatividade e não ter frescura que dá pra economizar uma grana boa e viajar bem mais.

VIAJAR NÃO SIGNIFICA IR PRA LONGE.

Você não precisa cruzar o oceano pra achar um lugar legal pra ir. Viajar é sobre ir pra um lugar que te traz algo novo, que quebra a sua rotina, que te faz respirar novos ares. E você não precisa ir pra Tóquio pra fazer isso.

Eu aposto que tem um monte de lugares pertinho da sua cidade que você nem conhece e que poderiam ser viagens curtinhas de fim de semana super bacanas e baratinhas.

Quando a gente morou na California, priorizamos viagens dentro da California. Fomos pra Tahoe esquiar, pro Yosemite conhecer o parque nacional, pra Napa e Sonoma beber vinho. Agora que estamos aqui na Europa a gente acaba escolhendo lugares a até 2:30 de avião saindo de Londres. Assim dá pra ir num fim de semana e aproveitar muito.

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PRA GENTE VIAJAR É PRIORIDADE.

Por último, mas, definitivamente, não menos importante: viajar é uma prioridade pra gente.

A gente guarda dinheiro basicamente pra duas coisas: aposentadoria e viagens.

E pode ter certeza: cada centavo faz diferença.

Então, se você curte a ideia de viajar e vive dizendo que não tem dinheiro, vale fazer um bom raio x na vida e entender pra onde o seu din din está indo. Você gasta muito com roupas? Com restaurantes? Com cabeleireiro? Essas são as suas prioridades? São mais importantes pra você do que viajar?

Se a resposta for não, faça um plano pra gastar menos com essas coisas e juntar mais grana pra viajar mais. E vá além: onde mais dá pra cortar gastos que podem virar viagens bacanas?

É isso, gente. Espero que os meus segredos (não tão segredos assim) tenham sido úteis e inspirado você a também viajar mais. Como qualquer coisa na vida, a gente tem que saber o que realmente importa e o que nos faz feliz e ir atrás exatamente dessas coisas. Viajar é uma das minhas.

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